segunda-feira, 13 de abril de 2015

MANIFESTO DO FUTURISMO


1- Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito á energia e á temeridade.
2- Os elementos essenciais de nossa poesia serão a coragem , a audácia e a revolta.
3- Tendo a Literatura até aqui, enaltecido a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo ginástico, o salto perigoso, a bofetada e o soco.
4-Nos declaramos que o esplendor do mundo, se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida adornado de grossos tubos como serpentes de fôlego explosivo...Um automóvel rugidor, que tem o ar de correr sobre a metralha, é mais belo do que a Vitória de Semotrácia.
5-Nós queremos cantar o homem que tenha direção, cuja haste ideal atravessa a Terra, arremessada sobre o circuito de sua obra.
6-É preciso que o poeta se desgaste com o calor, brilho e prodigalidade, para aumentar o fervor entusiástico dos elementos primordiais.
7-Não há mais beleza senão na luta. Nada de obra prima sem um caráter agressivo. A poesia deve ser um assalto violento contra as forças desconhecidas, para intimá-las a deitar-se diante do homem.
8-Nós estamos sobre o promontório externo dos séculos!...para que olhar para trás, no momentos em que desenterrar os batentes misteriosos do impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem, nós vivemos já o absoluto, já nós criamos a eterna velocidade onipresente.
9-Nós queremos glorificar a guerra- única higiene do mundo- o militarismo, o patriotismo, o gesto destrutor dos anarquistas, as belas idéias que matam, e o menosprezo da mulher.
10-Nós queremos demolir os museus, as bibliotecas,combater o moralismo, o feminismo, e todas as covardias oportunistas e utilitárias.
11-Nós cantaremos as grandes multidões movimentadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela revolta: as ressacas multicoloridas e polifônicas das revoluções nas capitais modernas, a vibração noturna dos arsenais e estaleiros sob suas violentas luas elétricas; as estações glutonas comedoras de serpentes que fumam; as usinas suspensas nas nuvens pelos barbantes de suas fumaças; as pontes para pulos de ginastas lançadas sobre a cutelaria diabólica dos rios ensolarados; os navios aventureiros farejando os horizontes; as locomotivas de grande peito, que escoucinham os trilhos como enormes cavalos de aço freados por longos tubos, e o vôo deslizante dos aeroplanos, cuja hélice tem os estalos da bandeira e os aplausos da multidão entusiasta.

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